A Barbalha dos Mestres Ocultos.
Olá queridas, tudo bem? Vamos encerrar mais uma semana com chave de ouro? Sim ou com certeza?
E para isso eu me sinto no dever de, em todos os domingos, prestar agradecimentos àqueles que contribuíram, de alguma forma, para que eu esteja aqui hoje compartilhando minhas histórias com vocês. E por falar em história, hoje remonto a minha, e falo de Barbalha, a cidade que me criou.
Penso como é injusto como as pessoas que nos cercam não recebem reconhecimento de tanta sabedoria que nos passam! Hoje sem mar (já teve um dia pelo que dizem historiadores), a pequena Barbalha transborda conhecimento. Ela está rodeada de mestres dos mais sábios que existem em toda a face da Terra, mas que não levam reconhecimento algum. Muitos dos que conheci eram de uma habilidade para o comércio que deixariam qualquer economista com inveja e pedindo dicas, tamanha era sua precisão com os negócios. E mesmo assim muitas vezes sequer concluíram um ensino médio.
Falo aqui dos autodidatas de minha cidade. Estes que aprenderam ganhando responsabilidades grandes desde cedo e se tornaram verdadeiros mestres ocultos, sem ter reconhecimento ou numerosos diplomas. Carregam consigo apenas a competência de aprender com a prática. E transmitem este conhecimento adquirido para os que o cercam. Claro que vivendo neste meio fui uma dessas beneficiadas. Quero dizer que não aprendemos nada absolutamente sozinhos. De uma maneira ou de outra, fomos engrandecidos por um conhecimento que não teríamos conseguido por nós mesmos.
De forma pessoal, quero prestar meus sinceros agradecimentos a essa mestre, uma pessoa que direta ou indiretamente me ensinou o que faço com o maior prazer do mundo hoje. Era de uma habilidade e conhecimento na arte da moda impressionantes! Fazia de tudo com perfeição incrível. Copiava de qualquer revista os modelos que ali estavam ilustrados e tudo ficava tão igual ou talvez melhor!
Dona Socorro, atende pelo seu apelido carinhoso Totó. Linda, fashion e corajosa. Uma mestre oculta que aprendeu no dia-a-dia, aprendeu com a prática e não com o diploma. Aliás, com 80 e alguns anos ainda faz suas próprias roupas, e continua uma gata!
Além dela, também temos grandes engenheiros, arquitetos, poetas e músicos ocultos. Há um ano, perdemos um dos criadores da escola de samba Unidos do Morro, José Lourenço Neto, que também mostrou a todos que era possível fazer música do simples e do cotidiano.
Um saudoso abraço a todos dessa cidade que é verdadeiramente a cidade dos meus mestres ocultos! Obrigada Barbalha, e uma ótima semana para todas vocês queridas!